Archive for Espiritualidade

Dia mundial do meio ambiente

Como ela não fala a nossa língua, mas a língua dela própria, na própria cadência, compartilhamos hoje este vídeo em homenagem a Gaia

O vídeo é trailer do capítulo 9 da Série VIDA, da BBC

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Setenta Anos

Hoje é um dia muito especial para a ciência. Faz 70 anos que Albert Hofmann, químico suíço, ingeriu voluntariamente uma minúscula dose de LSD (em 19 de abril de 1943), uma molécula que havia inventado 4 anos antes (16 de novembro de 1938) e acidentalmente ingerido 3 dias antes (16 de abril de 1943). Os efeitos o surpreenderam tanto que decidiu testar de novo em si mesmo para confirmar se uma substância química, em doses minúsculas, poderia afetar a mente humana de tal forma a alterar por completo a percepção do que é real. Albert ingeriu apenas 250 microgramas, que no caso do LSD é uma dose forte. Mas pra se ter idéia, a aspirina faz efeito em doses ao redor de 300 mil microgramas.

Carinhosamente conhecido entre os aficcionados como dia da bicicleta, o 19 de abril serve como bom marco histórico do início da Ciência Psicodélica, um ramo da psicofarmacologia extremamente promissor, mas negligenciado e até mesmo demonizado. Verdade seja dita, a mescalina, princípio ativo dos cactos Peyote (Peyotl no original Nahuatl, a língua Azteca) e San Pedro, era conhecida há muito mais tempo, tendo os primeiros relatos ocidentais sobre o fascinante cacto Peyote aparecido ainda no século XIX, com a mescalina tendo sido isolada por Arthur Heffter ainda em 1894, sendo que ele próprio experimentou o alcalóide puro em 1897.

Mas com a turbulência cultural que viria a ocorrer nos anos 60 nos EUA, que atrelou a mescalina e principalmente o LSD à revolução cultural, aos protestos anti-guerra do Vietnam, aos direitos civis, igualdade racial, liberdade sexual e afins, o LSD foi demonizado por uma série absurda de acusações e falsidades que fizeram sua imagem, até os dias de hoje, estar associada a PERIGO.

Mas este viés está ficando pra trás, está virando história. Pois a ciência psicodélica avança. A prova mais contundente disto é que hoje começa, em Oakland, Califórnia, a conferência Psychedelic Science 2013, organizada pela MAPS: Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies com parceria da Beckley Foundation, do Heffter Research Institute e do Counsel for Spiritual Practices.

Mais de 1600 pessoas, de 33 países, já estão nos EUA para participar do congresso, que tratará do LSD, da mescalina, da ayahuasca, psilocibina e muito, muito mais. Além dos 3 dias principais, sexta, sábado e domingo, há workshops e cursos extra, tanto antes quanto depois do congresso.

Plantando Consciência, que hoje celebra dois anos de sua reunião de fundação, participa desta linha pioneira da neurociência, psicologia, psiquiatria e afins com palestras e filmagens. Dentre as mais de 100 palestras, com os grandes momentos do evento incluindo por exemplo a aula do expert David Nichols, “LSD neuroscience“, destacamos as de nossos membros e sócios-fundadores, Sidarta Ribeiro e Dartiu Xavier da Silveira.

Sidarta, neurocientista e professor da UFRN, falará da relação entre sonhos e os estados psicodélicos, baseando-se principalmente em estudos com neuroimagem que revelam as redes neurais envolvidas em cada processo. Quais as semelhanças, e quais as diferenças?

Já Dartiu Xavier, psiquiatra e professor da UNIFESP, falará sobre estudos da ayahuasca e sua relação com saúde mental, que ele estuda há mais de dez anos, tendo desenvolvido parcerias com Charles Grob e Rick Strassman, pioneiros da Ciência Psicodélica.

Vale também destacar a participação essencial de outros brasileiros com papel fundamental no desenrolar deste congresso. A antropóloga Beatriz Labate coordena a seção específica sobre Ayahuasca, a medicina sagrada da Amazônia, área de estudos a que se dedica com afinco por mais de uma década. Nesta seção, haverá palestra do físico Draulio Araújo, professor da UFRN, sobre estudos de neuroimagem e ayahuasca, do doutor em ciências médicas Paulo Brabosa, professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, e também do psiquiatra brasileiro Luís Fernando Tófoli, professor da UNICAMP, que também estuda a questão da saúde relacionada ao uso da ayahuasca. Tema, aliás, de livro coordenado por Bia Labate e José Carlos Bouso, que será lançado no evento.

Para comemorar o septuagenário LSD e homenagear Hofmann, que além de inventar esta molécula, descobriu a psilocibina, a psilocina e o LSA em cogumelos e plantas sagradas dos Aztecas, Mazatecas e outras tribos ancestrais, serão lançados ainda mais dois livros. O primeiro é um relançamento do clássico “LSD my problem child”, autobiografia do gênio da ciência psicodélica, em nova tradução direto do alemão, feita pelo pioneiro da psiconáutica, Jonathan Ott. O segundo é uma nova biografia lindamente ilustrada, feita por Suíços que conviveram de perto com Hofmann: Dieter Hagenbach e Lucius Werthmuller, com prefácio de Stanislav Grof. O nome sintetiza bem o personagem: “Mystic Chemist”.

Este ano, também estaremos presentes atrás das câmeras, com Marcelo Schenberg filmando e entrevistando cientistas e conferencistas para o documentário Medicina, que você pode ajudar através de doações.

Nos próximos meses, vamos aos poucos postando as palestras do congresso, que como sempre, serão filmadas e disponibilizadas pela MAPS na internet, de graça (vale a pena ver o conteúdo dos congressos organizados pela MAPS em 2010 e 2011, que também contou com presença do Plantando Consciência, com palestras de Eduardo Schenberg e Sidarta Ribeiro sobre ayahuasca e neurociência). Possivelmente, faremos legendas das palestras, contando para isso com a ajuda de voluntários. Se você deseja nos ajudar, entre em contato conosco!

Neste momento, dividimos com todos a alegria e entusiasmo de ver estes avanços acontecerem, deixando para trás o pânico moral e o sensacionalismo de eras passadas. É nosso profundo desejo que o estudo da consciência avance desimpedido, porém com respeito e seriedade, gerando frutos para a saúde mental, espiritual, física e social da humanidade.

Se você quer contribuir com essa jornada, feita em grande parte com trabalho voluntário, por favor considere realizar uma doação, ou entre em contato para nos ajudar prestando serviço voluntário. Há várias maneiras de contribuir!

doar

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Desperte o índio que existe em você!

Após décadas de regime ditatorial militarista, o Brasil refez, em 1988, sua Constituição Federal. Um marco democrático e dos direitos humanos, a Constituição brasileira diz, em seu artigo 231, que “são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens“. Os legisladores acharam por bem determinar um prazo para que essas demarcações fossem realizadas. Esse prazo era de cinco anos.

O Ministério Público Federal fará uma audiência no dia 19 de abril, dia do Índio, sobre a demarcação de terras indígenas. O resultado dessa audiência será entregue em mãos ao ministro da justiça José Eduardo Cardozo, pois é dele a canetada para publicar a portaria declaratória de demarcação de várias terras indígenas. Entre elas, está na pauta o território Tupinambá de Olivença, onde se encontra a Aldeia Tukum. Estar presente nessa audiência é fundamental para os Tupinambás, ajude-os a chegar lá!

Para doar qualquer quantia, você pode preferencialmente depositar diretamente em nossa conta no Banco do Brasil: Agência 6986-8 conta corrente 7459-4

ou, alternativamente, através do Paypal pelo botão abaixo:

Por favor, note que eles tem muita urgência para receber esse dinheiro, o prazo para doações é dia 14 de abril!

Se você quiser saber como andam as doações, mande-nos um email ou siga-nos no Facebook!

Os Tupinambás gostariam de enviar um presente àqueles que fizerem doações. Por favor, mande-nos o seu contato para que possamos postar o seu!

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Com a palavra, o Cacique Ytajibá

Há aproximadamente um mês estive na Aldeia Tukum de Olivença, entre os índios Tupinambás. Além de conhecer suas terras, que ainda hoje tem 75% de seu território revestido de Mata Atlântica virgem, rios de águas transparentes e deliciosamente frescas sob o sol da Bahia, conheci um pouco da sua história. Como a história de muitos povos indígenas no Brasil, a dos Tupinambás inclui massacres, tentativas variadas de aculturação e usurpação de bens e direitos. Hoje, o Cacique Ytajibá da Aldeia Tukum dos Tupinambás veio nos pedir ajuda financeira para ir à Brasília lutar pelos direitos de seu povo.

Para doar qualquer quantia que você puder, você pode preferencialmente depositar diretamente em nossa conta no Banco do Brasil: Agência 6986-8 conta corrente 7459-4

ou, alternativamente, através do Paypal pelo botão abaixo:

Por favor, note que eles tem muita urgência para receber esse dinheiro, o prazo para doações é dia 14 de abril!

Se você quiser saber como andam as doações, mande-nos um email ou siga-nos no Facebook!

Os Tupinambás gostariam de enviar um presente àqueles que fizerem doações. Por favor, mande-nos o seu contato para que possamos postar o seu!

Com a palavra, o Cacique:

O Povo Tupinambá de Olivença (Aldeia Tukum) de Ilhéus sul da Bahia é uma Nação guerreira, que ao longo dos anos resistiram às diversas formas de colonização, e ao decorrer desses últimos cinco séculos vêm revitalizando sua cultura e suas tradições. Descendente linguisticamente do tronco Tupi, é um povo determinado, forte, que mantém sua cultura preservando e valorizando a sua língua, a espiritualidade, os costumes, os mitos e as suas tradições ancestrais.

detalhe desenho da Aldeia Tukum

Ao examinar a conjuntura indigenista brasileira nos últimos anos salta aos olhos a intensificação de campanhas contra os direitos indígenas, protagonizadas especialmente por políticos, empresários, latifundiários e organizações ruralistas.

A primeira agenda oficial da Presidente do Brasil Dilma Rousseff em 2013 começou recebendo alguns dos principais empresários e executivos do país. Dilma optou em começar o ano ouvindo o capital e não o movimento social. Faz sentido. Dilma nunca escondeu que sua prioridade é a economia.

Temas estruturantes do social como saúde, educação, saneamento, moradia, Reforma Agrária, demarcação de terras indígenas, questão ambiental, entre outros, estarão presentes na retórica discursiva-política, mas não necessariamente se traduzirão em políticas efetivas de governo. Esses “temas entrarão na agenda proporcionalmente à capacidade de pressão do movimento social”.

desenho da aldeia

Os Povos indígenas continuam como ‘entraves’ ao modelo de desenvolvimento

Se por um lado a agenda da Reforma Agrária vem aos poucos desaparecendo do horizonte do governo, a questão indígena sequer entrou na agenda da esquerda brasileira no poder. “Retrocedemos muito neste período”. Se antes lutávamos pelo cumprimento dos nossos direitos, hoje lutamos para não perder esses direitos reconhecidos na Constituição. Em média, os governos dos presidentes Lula e Dilma homologaram menos terras, em número e extensão, do que os antecessores José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, destaca reportagem do Brasil de Fato. Na avaliação dos defensores dos direitos indígenas, a razão para este retrocesso está na opção de modelo desenvolvimentista para o campo e para as florestas adotadas pelos governos nesta última década. “Pela origem do governo ligado aos movimentos sociais, o movimento indígena criou muita expectativa, mas o mesmo fez uma aliança com os latifundiários e as mineradoras, deixando os nossos interesses de lado”.

Diariamente acompanhamos uma chuva de investida contra os direitos indígenas, sobretudo a invasão de seus territórios, onde o Governo Federal investe cada vez mais em grandes obras impactando a vida dos Povos Indígenas no País.

Tupinambás

A Portaria 303 da Advocacia Geral da União, publicada oportunamente depois da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) e das pressões da Organização Internacional do Trabalho, aprofunda o estrangulamento dos direitos territoriais indígenas iniciados com a paralisia na tramitação e aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas, engavetado há mais de 20 anos na Câmara dos Deputados, e com a edição das Portarias Interministeriais 420 a 424, que estabelecem prazos irrisórios para a FUNAI se posicionar frente aos Estudos de Impactos e licenciamento de obras sobre os territórios indígenas além da aprovação da PEC 215, que passa para o congresso a demarcação dos territórios indígenas.

As indicações para os desafios de 2013: “Há grandes desafios a serem enfrentados pelos povos e suas organizações: entre eles, o de apresentar as demandas, mobilizar-se em torno delas para que efetivamente sejam acolhidas e transformadas em políticas públicas, assegurando sua participação em todas as etapas; e o de pressionar o poder público para que as terras sejam efetivamente demarcadas, protegidas, estando na posse e usufruto assegurados aos povos e comunidades”.

Sem que isso aconteça, “não é possível vislumbrar o efetivo combate às violências, ao descaso, à omissão e à dependência de políticas” paliativas compensatórias. Sem isso, na hora de discutir políticas públicas os povos indígenas serão tratados como ‘entraves’ num modelo de desenvolvimento sem garantias, que privilegia alguns setores e penaliza muitos.

OBJETIVO GERAL DO II ENCONTRO NACIONAL DE LIDERANÇAS INDÌGENAS

  • Realizar o II Encontro Nacional de Lideranças Indígenas, favorecendo uma ampla reflexão e debates entre as principais lideranças indígenas do País a respeito da Política Indigenista atual e os diversos instrumentos jurídicos que vem sendo utilizado para atacar os direitos indígenas já garantidos na Constituição Federal.
Yatjiba e Acaua
Cacique Ytajibá e Nádia Acauã

A partir do quadro apresentado na introdução deste pedido, temos a profunda clareza, que a estratégia dos setores anti-indígenas amplamente organizados por todo País, articulados e amparado principalmente pela Confederação Nacional de Agricultura no Brasil (CNA) no qual vem disponibilizando todo seu aparato político e jurídico é impedir o reconhecimento e demarcação de terras indígenas, e o que mais absurdo ainda, invadir e mercantilizar as terras que já são demarcadas e homologadas.

Diante disso, hoje a grande luta é pela manutenção dos direitos dos Povos indígenas. E neste contexto, lideranças indígenas de todo País, e entidades indigenistas, definiram por realizar o II Encontro Nacional de Lideranças para refletir e debater os diversos instrumentos que estão sendo utilizado para atacar os seus direitos.

O Encontro reunirá representações de Povos indígenas, e lideranças de todo Brasil, tendo como principal objetivo buscar estratégias de enfrentamento aos setores que vem atacando os direitos indígenas. Para isso, faz-se necessário contarmos com o apoio dos aliados para possibilitar o transporte de indígenas a fim de participarem desse importante evento.

Temas: II Encontro Nacional de Lideranças Indígenas

  • Elaboração de estratégias e enfrentamento ao Governo Federal no sentido de fazer garantir a proteção e efetivação dos Direitos Indígenas, conforme a constituição Federal e convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho;
  • A luta contra os diversos mecanismos de negação de direitos dos Povos Indígenas;
  • Análise da política indigenista atual.

QUANDO: Chegada: 15/04/2013.

Encontro:  16/04  a 19/04/2013

O dia 15/04/2013 seria dedicado à chegada das delegações.

ONDE: Centro de Formação Vicente Cañas – Luziânia/GO.

a tristeza do índio

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO II ENCONTRO NACIONAL DE LIDERANÇAS

  • Possibilitar reflexão sobre a política indigenista brasileira, permitindo maior compreensão da conjuntura política no País, dos problemas locais, regionais e nacionais.
  • Analisar os graves efeitos das manobras jurídicas e Políticas que vem sendo utilizado pelo grande capital para atacar os direitos dos Povos indígenas.
  • Fortalecer e ampliar a articulação de parcerias e redes de apoio na luta pela demarcação dos territórios indígenas.
  • Garantir o processo de formação permanente das lideranças indígenas, suas comunidades e organizações.

Realizar diversas mobilizações em Brasília – DF nos espaços de definição de assuntos indígenas.

Enfrentamento ao processo de violência e criminalização das lutas e das lideranças.

QUEM ESTARÁ LÁ?

Lideranças de várias nações indígenas estarão presentes no encontro.

QUANTAS PESSOAS?

Esperamos de 150 a 400 líderes presentes no encontro.

QUANTAS PESSOAS DE CADA NAÇÃO?

Nós esperamos que, na média, cada nação compareça com 45 pessoas.

QUANTO DINHEIRO NÓS PRECISAMOS?

Nós precisamos de aproximadamente R$15.000. Só para o transporte, serão gastos R$10.000 (aluguel de ônibus para 42 pessoas de Olivença para Brasília, ida e volta). Os outros R$5.000 serão gastos para alimentar as pessoas durante o encontro (média de R$8,00 por pessoa por refeição). Quanto mais pessoas conseguirmos levar, maior será nosso poder de persuasão! Até agora nós não temos absolutamente nenhuma ajuda para estar no encontro, lutando por nossos direitos. Nós esperamos que, após o que foi explicado aqui, você possa nos ajudar a estar lá.

a fuga de marcelino

E SE NÓS NÃO TIVERMOS TODO O DINHEIRO NECESSÁRIO PARA IR PARA O ENCONTRO?

O ideal é que estejamos no encontro com uma quantidade significativa de pessoas da aldeia, porque dessa forma podemos realmente pressionar o governo. No entanto, caso não tenhamos todo o dinheiro necessário para ir em 42 pessoas, esperamos levar ao menos nossas lideranças. Isso pode acontecer de duas formas:

Com R$9.000,00 podemos ir em 16 pessoas, de van. O aluguel é de aproximadamente R$6.000, o motorista extra R$1.000,00 e, para alimentação R$1.920,00, totalizando R$8.920,00.

Para irmos em quatro pessoas (o Cacique Ramón Ytajibá Souza e outros líderes da comunidade) de ônibus comum, necessitamos de R$1.400,00 para as passagens (cada passagem de ida e volta custa R$350,00) e R$600,00 para alimentação (R$120,00 por dia para as três refeições para os quatro líderes). Como o local que nos hospedaremos é fora de Brasília, a duas horas da capital, gastaremos aproximadamente R$500,00 para ir e voltar do local da reunião (durante o encontro pegamos carona com nossos parentes). Dessa forma, o total necessário seria de R$2.500,00.

No caso de não atingirmos essa meta, deixamos claro que nosso compromisso é com o desenvolvimento de nossa comunidade. Se não houver dinheiro suficiente para nenhum de nós irmos a Brasília, o dinheiro levantado com essa campanha será gasto na escola. A escola é um lugar muito especial para nós, porque esse é o local onde nossas crianças aprendem o nosso jeito de ser e se alfabetizam (e continuam sua educação). Nós temos materiais especial, desenvolvido por professores da nossa comunidade, nos quais nós contemplamos nossos conhecimentos tradicionais sobre a natureza, nossa lígua, nossos mitos, e por aí a fora. Em nossa escola, nós ensinamos nossas crianças como continuar a lutar por seus direitos, que ser indígena é motivo de orgulho e que elas merecem ser respeitadas. Dessa forma, nós acreditamos que, usar o dinheiro com elas, é uma continuação da proposta inicial desse pedido.

águas tupinambas

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With the word, Chief Ytajibá

About a month ago, I was at the Tukum Village in Olivença, among the Tupinambá indians. Besides knowing their lands, that still have 75% of original tropical forest Mata Atlântica, rivers of translucid, fresh waters under the sun in Bahia, I learned about their history. As it is very commom among Brazilian’s indigenous nations, they’ve suffered genocide, attempts to destroy their language and culture, and expropriation of their goods and rights in the last 500 years. Today, Chief Ytajibá from the Tukum Village of the Tupinambás came to us to ask for financial help to go to Brasília and fight for the rights of his people.

To donate any amount you can, we have a Paypal account. All donators interested in receiving updates from this project, please send us an email or follow us in Facebook. The Tupinambás would also like to give gifts to donators. Contact us so we can mail them for you!

Please, note their urgence, the deadline to receive donations is April 14th!

With the word, Chief Ytajibá:

We, the Tupinambá people, from Olivença (Tukum Village), Ilhéus, Bahia, are a warrior nation that has been resisting several forms of colonization for centuries. We have been revitalizing our culture and traditions in the last five centuries. Descending from the Tupi linguist branch, we are determined, strong people, maintaining our culture valuing our language, spirituality, costumes, myths and ancestral traditions.

detalhe desenho da Aldeia Tukum

Examining the indigenous Brazilian conjuncture of recent years, we can see that there is a clear, wide intensification of campaigns against indigenous rights. They are starred by politicians, entrepreneurs, landowners and big farmers.

The official agenda of our president, Dilma Roussef, began this year of 2013 with her meeting some of the main Brazilian entrepreneurs and executives. Dilma opted to begin the year listening to money instead of the social movements. It makes sense. Dilma has never hid that her priority is economy.

Themes relative to structural changes, as health, education, basic sanitation, dwelling, agrarian reform, demarcation of indigenous territories, environment, among others, are present in her speeches, but maybe are not transposed to effective government politics. These themes will be in government agenda proportionally to the capacity of social movements to pressure it.

desenho da aldeia

Indigenous people remain an obstacle to the current development model

If the agrarian reform is disappearing from government horizons, the indigenous issues have never been in the political agenda of the Brazilian left in power. We actually went backwards in this period. If we were accustomed to fight for our rights to be fulfilled, today we are fighting to keep these rights, as stated in our Constitution, in 1988. On average, the governments of Presidents Lula and Dilma homologated less land, in number and size, than their predecessors José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco and Fernando Henrique Cardoso. Defenders of indigenous rights claim that behind this decay is the option of a development model for the fields and forests in the past decade. According to a Brazil de Fato’s report, “because the origin of the government was in social movements, the indigenous movement had a great expectation, but the government has been allied to landowners and mining companies, leaving aside their interests”.

We’ve been seeing actions against indigenous rights on a daily basis, especially invasions of their territories, where the Federal Government is investing huge amounts of money in constructions that have a great impact on the traditional ways of living of indigenous people.

Tupinambás

Opportunely right after the United Nations Conference on Sustainable Development (Rio +20), the General Union Attorney office (the official way of the executive power ensure that its actions will not be judicially contested) published a normative resolution that strangles indigenous territory rights. This strangulation is a process that now has more than 20 years, which began with the palsy of the approval of The Indigenous People’s Statute by the National Congress. In 2011 five ministerial resolutions (number 420 to 424) gave the National Indigenous Foundation (FUNAI, in Portuguese) ridiculous amounts of time to consult the indigenous people and position itself relative to Environmental Impact Studies and Licenses of works in indigenous territories. These works include but are not limited to the construction of roads, the passage of power nets, dams, oil exploitation and other mineral activities. To make things even worse, there is a proposal of changing our Constitution (PEC 215/2000) to make possible expropriation of indigenous territories that already have their legally boundaries established (made in 2000, but about to be voted in April of 2013) in favor of landowners, so they can raise cattle and grow soy to the international market. In March 2012, the voting (and approval) of this amendment was postponed because of the protests of several indigenous nations from all over the country (among them Xakriabá, Guarani Kaiowá, Terena, Kaigang, Macuxi, Marubo, Kanamari and Mura) that went to Brasilia to make their voices to be listened by the government.

There are many challenges for 2013, according to the Brasil de Fato’s report: “There are great challenges to be faced by the indigenous and their organizations: among them, present their demands, mobilizing themselves around them to make sure that they are received and transformed into public politics, ensuring their participation on every step of the process; and to lobby the government so their land are effectively delimited, protected, possession and usage ensured to their people and community.

If this doesn’t happen, “it’s not possible to visualize any effectiveness in combating violence, omission, and dependence of palliative and compensatory politics”. Without it, when the time to discuss public politics comes, indigenous people will be treated as barriers in this model of development that privilege few and penalize many.

MAIN OBJECTIVE OF THE SECOND NATIONAL INDIGENOUS LEADERSHIP MEETING

In holding the meeting II National Indigenous Leadership Meeting, we intend to feed reflection and debate among the main indigenous leaderships of Brazil about what concerns the current indigenous politics and the several juridical tools that are being utilized to attack indigenous rights already guaranteed by the Federal Constitution.

Yatjiba e Acaua
Cacique Ytajibá e Nádia Acauã

From what we presented until here, we are confident that the strategy of anti-indigenous sections of society (articulated and supported by the Brazilian National Agriculture Confederation, which is providing political and juridical pomp) is to prevent recognition and demarcation of indigenous territories, and most absurd, invade and commodify the lands already demarcated and legally recognized.

Our main fight today is to maintain the Indigenous People’s rights. In this context, indigenous leaderships from all over the country and indigenous entities proposed to hold the II National Indigenous Leadership Meeting to better understand the several ways that are being utilized to attack their rights.

The Meeting will bring together representations of indigenous people and leaderships from every corner of Brazil, and its main objective is to seek strategies to fight back the attacks they are suffering. For that to happen, we’ll have to count with the support of our allies so our people can get to the meeting.

Themes to be held in the II National Indigenous Leadership Meeting

  • Seek strategies to confront the Federal Government so we can guarantee the protection and effectiveness of Indigenous Rights, as predicted by our Federal Constitution and by the 169th Convention of the International Labour Organization;
  • Fight against the several ways indigenous rights have being denied;
  • Analyze the current indigenous politics.

The meeting will be hold in Centro de Formação Vicente Cañas, Luziânia, Goiás (a city located around 40 miles from Brasília, Federal Capital of Brazil) from April 15th to April 19th.

a tristeza do índio

 

SPECIFIC OBJECTIVES OF THE II NATIONAL INDIGENOUS LEADERSHIP MEETING

  • Allow reflections about the Brazilian indigenous politics, understanding the political framework of the country and local, regional and national issues;
  • Detail analyzes of the serious effects of legal and political maneuvers used by the great capital to attack the indigenous people’s rights;
  • Strengthen and enlarge partnerships e support nets in the fight for legal determination of indigenous territories boundaries;
  • Guarantee the indigenous leadership training;
  • Make presence in Brasília, saying out loud what are our positions in every political space designated to indigenous issues;
  • Face the violence and criminalization of fighting that our leaderships are suffering.

WHO’S GOING TO BE THERE?

Leaderships from several Brazilian indigenous nations will be present at the meeting.

HOW MANY:

We expect from 150 to 400 leaderships to be present at the meeting.

HOW MANY, OF EACH NATION?

We intend to have, on average, 45 persons of each nation.

HOW MUCH MONEY DO WE NEED?

We need around US$7,500.00. Only to transportation, we’ll spend US$5,000.00 (to rent a bus for 42 people from Olivença to Brasília, round ticket). The others US$2,500.00 will be spent to feed our people during the meeting (average of US$4.00 for person, for meal). Until now, we don’t have any official help to be there, fighting for our rights.  We hope that, after what explained here, you can help us being there.

a fuga de marcelino

WHAT IF WE DON’T HAVE ALL THE MONEY NECESSAIRE TO GO THERE?

The ideal for us is to have as many people as possible at the meeting, and this number would be 42 people (the number of people that we can take on a single bus). This would really make a difference, because the more people we take, greater the pressure we do. However, we believe that it’s better to be there in a few, that don’t be there at all. For this reason, we present here the amount we need in two other scenarios.

The first is to rent a van and go in 16. For that we would need U$3,500.00 for the van and US$1,000.00 to feed ourselves during the meeting. With this number we still can take a great part of our elders, although not them all as we think it’s really the case.

To take four of us there by bus, (our chief Ramon Ytajibá Souza, and three other leaderships of our village), the cost to get to Brasilia from Ilhéus by bus is US$175.00 (round-trip) per person, or US$700.00 for four people. We need another US$250.00 to get to the place of the meeting, which is 2 hours from Brasilia. With another US$15.00 a day for meals for person, we get to US$250 to feed four people for five days. So, our minimum is US$1,250.00.

Our commitment is with the development of our community. If there is no sufficient money for none of us to go to Brasilia, the money raised with this campaign will be spent in the school. This is a very special place for us, because this is the place where our children learn our ways and get to be literate (and further on). We have a special material, developed by teachers of the community, in which we contemplate our traditional knowledge of nature, our language, our myths, and so on. In our school, we teach our children how to remain fighting for their rights, that being indigenous people is something that they should be proud of, and that they deserve to be respected. In this way, we believe that, using the money received with them is a continuation of the initial goal of it.

águas tupinambas

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Os Hereges

Todo mundo sabe que muito tempo atrás rolavam censuras terríveis. Queima de livros, enforcamento de bruxas e tribunais contra quem ousasse sugerir, por exemplo, que a Terra era redonda, ou que girava em torno do sol. Reações fortíssimas também aconteceram contra pessoas que sugeriram que nós temos um ancestral comum com os outros primatas e que existe um troço chamado seleção natural.

Na maioria dos casos, estas pessoas estavam fazendo ciência, e ao fazer ciência estavam desafiando a visão de mundo dominante, à época aquela ditada pelo livro considerado sagrado por uma Igreja em especial, a Católica. Todo mundo sabe também que agora a visão que predomina é a científica, e que em nome da ciência jamais se faria algo como censura, certo?

voltaire marcha liberdade

De acordo com um episódio que rolou nesta semana, a resposta é: errado. A gigantesca corporação TED – Tecnologia, Entretenimento e Design – tirou do ar duas palestras de um evento TEDx – uma forma híbrida de evento TED, mas organizado independentemente. Mas comecemos pelo começo: o que é o TED?

Fundado há quase 30 anos, em 1984, o TED foi realmente catapultado a uma das mais inovadoras organizações do mundo entre 2007, quando lançou seu atual site, e 2009, quando lançou um programa de tradução voluntária. Eles criaram um sistema amigável e simples para que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pudesse traduzir para outra língua as legendas das palestras, disponibilizadas em inglês. Ao todo são mais de 1.400 palestras disponíveis gratuitamente, com 32 mil traduções para mais de 40 línguas diferentes, feitas por milhares de tradutores em todo o globo.

Ali tem de tudo. Só as 20 “TED talks” mais vistas até agosto de 2012 dão um bom panorama do que se trata e da audiência alcançada. Sir Ken Robinson tem quase 15 milhões de visitas com sua palestra de que escolas matam a criatividade. Em segundo lugar vem a neuroanatomista Jill Bolte Taylor, que conta sua iluminação durante um derrame cerebral, assistido por mais de 11 milhões de pessoas. O terceiro colocado é Pranav Mistry, com quase 10 milhões de visitantes em sua palestra sobre o sexto sentido. E assim vai. Tem gente falando do mundo subaquático, do poder da vulnerablidade, de como viver, sobre as melhores estatísticas que você jamais verá, sobre porque somos felizes, sobre magia cerebral… Tudo isso só entre as campeãs de audiência. Mas no TED tem até gente defendendo que comer insetos é a solução do problema da fome mundial. Sem dúvidas um site fascinante.

Até mesmo Julian Assange, pai e líder do WikiLeaks, já pasou pelo TED, falando sobre liberdade de expressão e comunicação na era digital. Parece então que o TED é uma organização de ponta, aberta a novas idéias. Idéias alias é o mote do TED: ideas worth spreading (ou idéias que vale a pena compartilhar). Seria muito estranho, impensável na verdade, que o TED resolvesse então fazer censura. Mas fez.

O que poderia incomodar estas pessoas a ponto delas removerem da rede duas palestras, com alguns milhares de visitas cada? Que tipo de assunto poderia ser tão inapropriado para uma TED talk, considerando que todos os palestrantes são convidados?

Vejamos o ocorrido:

Rupert Sheldrake, biólogo, já foi membro da Royal Academy britânica, estudou nas prestigiosíssimas Harvard e Cambridge, recebeu prêmios diversos, publicou mais de 80 artigos científicos, obteve um PhD em bioquímica, publicou vários livros e desenvolveu a teoria dos campos morfogenéticos.

Sheldrake foi convidado e compareceu ao “TEDx White Chapel – Visions for Transition: challenging existing paradigms and redefining values for a more beautiful world” (Visões para a transição: desafiando paradigmas existentes e redefinindo valores para um mundo mais bonito). O título é pomposo, mas diz ao que veio o evento, que aconteceu em Janeiro deste ano em Londres: trazer alternativas à visão de mundo predominante que nos leva e arrasta por uma crise sem precedentes.

O tópico da palestra foi “O Delírio Científico: Libertando a Ciência“, título também de um de seus livros mais recentes (que já foi assunto aqui no Plantando Consciência). O delírio, pra ele, é a crença de que a ciência, a princípio, já compreende a natureza da realidade, deixando apenas detalhes para serem descobertos e explicados.

Sheldrake enumerou o que considera os atuais 10 dogmas do delírio científico:

1 – O Universo é mecânico, ou funciona como uma máquina;

2 – A matéria é inconsciente;

3 – As leis da natureza são estáticas;

4 – A quantidade total de matéria e energia é sempre a mesma;

5 – A natureza é despropositada;

6 – Toda a hereditariedade biológica é material, está nos genes;

7 – Memórias são armazenadas dentro do cérebro, como partículas materiais;

8 – Sua mente está dentro da sua cabeça;

9 – Fenômenos psíquicos, como telepatia, são impossíveis;

10 – A única medicina que realmente funciona é a mecanicista.

Sheldrake argumenta que estes dogmas estão engessando a ciência genuína, baseada na razão, observação e hipóteses, ao criar uma visão de mundo fixa, que se tornou uma crença popular que orienta a quase totalidade dos adultos razoavelmente educados, os governos, as empresas e a sociedade como um todo. E o 8 e o 9, segundo ele, são dos mais intrigantes e polêmicos. Em pleno século XXI, a ciência não consegue lidar com o fato de que somos conscientes, e de como investigar isso.

Este tópico foi exatamente o assunto de outra palestra no mesmo evento, “War on Consciousness” (Guerra à Consciência), de Graham Hancock. Ele é autor de bestsellers como “Supernatural: Meetings with the ancient teachers of mankind” (Sobrenatural: Mistérios que cercam a origem da religião e da arte) e “Fingerprints of the Gods” (As digitais dos Deuses). Seus livros já venderam mais de 5 milhões de cópias, com traduções em 27 línguas. Hancock se formou em Sociologia com “Honra de Primeira Classe”, na Universidade Durham, no norte da Inglaterra. Trabalhou como jornalista em muitos veículos de mídia, escrevendo sobre uma grande variedade de tópicos e criando, segundo alguns críticos, um novo e inovador estilo de escrita e investigação.

No livro “Sobrenatural”, de acordo com seu próprio site, Hancock “investiga o xamanismo e as origens da religião. Este livro controverso sugere que a experiência dos estados alterados de consciência desempenharam papel fundamental na evolução da cultura humana, e de que outras realidades – mundos paralelos na verdade – nos rodeiam todo o tempo mas normalmente não são acessíveis aos nossos sentidos.”

Em sua palestra censurada pelo TED, ele aborda alguns destes tópicos, começando pela idéia – talvez a mais herética possível em uma sociedade que vive há um século demonizando todos os psicoativos que não sejam álcool ou aqueles vendidos pela indústria – de que a origem da consciência humana, esta que nos distingue de todas as demais espécies, aconteceu em nossa descoberta das plantas dos deuses através do xamanismo.

Vejamos agora a justificativa do TED pelo ocorrido:

“Após trabalho cuidadoso, incluindo um levantamento sobre a pesquisa científica disponível e recomendações de nossa Assessoria Científica e nossa comunidade, decidimos que as TED talks de Rupert Sheldrake e Graham Hancock deveriam ser removidas do nosso canal TEDx no Youtube. Ambas foram marcadas como contendo sérios erros factuais que prejudicam o comprometimento do TED com a boa ciência. As críticas a estas palestras precisam de mais destaque. Não estamos censurando as palestras. Mas colocamos ambas aqui no blog, onde podem ser enquadradas para enfatizar suas idéias provocativas e os problemas com seus argumentos.”

Como vemos acima, algumas horas depois da censura, talvez pela pressão que sofreram pela internet (e pela obviedade de que volariam a ser disponibilizadas por quem já as tivesse gravado em seus computadores), o TED recolocou as palestras na rede. Mas não no mesmo lugar. As duas passaram ao status de material privativo no canal oficial do TEDx no youtube e foram rebaixadas à sessão do blog chamada de “aberto para discussão” (fica uma pergunta: apenas esta seção está aberta para discussão? Todo o resto do material divulgado pelo TED é verdade absoluta?). Importante destacar que essa decisão foi tomada exclusivamente pelo TED, à revelia dos organizadores do TEDx WhiteChapel, que se manifestaram no facebook contra o ocorrido.

Tecnicamente, a decisão afeta vários sites que haviam feito links e embeds pros vídeos originais, e portanto limita bastante o acesso as palestras, bem como interfere no resultado de buscas pelo google e afins.

Filosoficamente, a decisão é, entretanto, muito mais reveladora dos processos em andamento neste início de 14° B’aktun. A decisão do TED de censurar palestras ou colocá-las sob discussão especial porque estas não seriam científicas tem dois problemas fundamentais:

1 – Nem tudo que está no TED é baseado em ciência;

2 – Ciência não é uma descrição definitiva do que é Verdade ou Realidade;

Examinar a primeira razão nos levaria a um debate extenso sobre o próprio TED, e este não é o intuito. Mas a segunda razão é a que mais interessa, pois não diz respeito somente ao TED e suas decisões. É importante pois a razão alegada para censurar Rupert Sheldrake é exatamente o delírio científico como ele enuncia: de que a ciência, a princípio, já compreende a natureza da realidade, deixando apenas detalhes para serem descobertos e explicados. Ou seja, ao seguirem o delírio científico, os organizadores do TED censuraram quem manifestou opinião divergente da que eles próprios defendem. E ao censurarem Hancock, confirmaram não só que há de fato uma Guerra contra a Consciência, que eles apoiam, mas que os dogmas 7, 8 e 9 de Sheldrake são bem reais.

Assim, em nome da ciência, o TED teve uma atitude muito típica de religiosos dogmáticos: aquilo com que não concordo não deve existir ou deve ser marginalizado. Este pensamento e atitude são totalmente contrários ao verdadeiro espírito científico, que é de perpétudo ceticismo aliado à curiosidade e abertura para novas questões e situações. A atitude do TED também é incompatível com um estado de harmonia na sociedade, onde todos devem ao menos ser ouvidos, e no melhor caso, compreendidos. Por fim, a decisão do TED afronta o público, pois indiretamente diz que os visitantes do site não pensam criticamente por conta própria, e necessitam dos avisos do TED com relação ao conteúdo de alguns vídeos.

respect and harmony

Para justificar a decisão, o TED recorre ao argumento favorito daqueles que congelam suas idéias: o argumento de autoridade. Eles mencionam que algumas das pesquisas ou resultados científicos mencionados pelos hereges não estão disponíveis em revistas científicas que publicam artigos com “avaliação por pares” (peer-review).

Mas se aquilo que é científico ou não for definido como o que está ou não publicado num número limitado de meios de comunicação que seguem determinado método que veta certos tipos de resultado e linhas de pesquisa, a ciência estaria se condenando a uma visão que não poderia mais progredir com relação a estes tópicos.

Ou seja, certas pesquisas são definidas a priori como não científicas (em geral pois desafiam o dogma 1 de Sheldrake). Por causa disto, estas pesquisas são negadas no sistema de publicação considerado científico. O mais grave acontece então quando se justifica que não são informações científicas porque não foram publicadas no sistema que as definiu a priori como não científicas! Alguma semelhança com o raciocínio que veta o que não está na Bíblia??

Segundo Hancock argumentou pelo facebook:

If this is how science operates, by silencing those who express opposing views rather than by debating with them, then science is dead and we are in a new era of the Inquisition. 

(Se é assim que a ciência opera, silenciando aqueles que expressam visões opostas ao invés de debater com eles, então a ciência está morta e nós estamos em uma nova era da Inquisição).

Ou seja, de maneira heresiasemelhante ao que parece ter ocorrido na transição de B’aktuns anteriores, quando cientistas chacoalharam a visão de mundo rígida e imutável dos religiosos, neste início de 14° B’aktun o incômodo são cientistas desafiando a visão de realidade que se cristalizou na mente coletiva da humanidade a partir das descobertas da própria ciência.

Se outrora a censura e perseguição era mais brutal e violenta, agora a situação pode ser muito desafiadora em termos sociais, pois ambas as visões de mundo clamam se basear no mesmo processo: a Ciência. E a dos hereges pode, talvez, estar a inverter o processo iniciado há mais de 400 anos. Principalmente os argumentos de Hancock vão na direção que unifica ciência e espiritualidade, revertendo a direção que tomamos no começo do B’aktun passado. Mas Sheldrake também questiona seriamente as bases do materialismo, que é a filosofia que fundamenta esta separação.

No final das contas, a reação do TED faz sentido, como já foi argumentado com clareza por grandes filósofos como Thomas Kuhn e Karl Popper. O primeiro argumentou que os grandes saltos científicos não são absorvidos pelos cientistas nem pela população, que geralmente não mudam de opinão. As grandes revoluções ocorrem, na verdade, com a transição de geração, que dá espaço aos mais novos para pensarem diferente, livres dos impedimentos colocados pelos mais velhos. Para Kuhn, a essência da revolução científica está na transição de gerações e na mudança do modo de pensar, oriundo das novas descobertas científicas. Este fenômeno ocorre repetida e sucessivamente, geração após geração, e foi enunciado eloquentemente por Popper, que defendeu que a ciência é, por princípio, interminável. Quem decidir um dia que chegamos a uma verdade definitiva, retira-se do jogo.

Portanto, se a ciência do 13º B’aktun se autodefiniu como necessariamente contrapondo a religião e negando tudo que não for material, pode ser que estejamos a testemunhar a tentativa de nascimento da ciência do 14° B’aktun: que se abre para as possibilidades de aproximação com a espiritualidade e outras formas de conhecimento e existência que não a exclusivamente materialista.

Neste momento, fica o agradecimento ao TED pela ingenuidade de achar que poderia controlar a informação na era digital, e ao fazê-lo, criar muito mais interesse pelo tópico em questão. Mas principalmente, parabéns aos Hereges por empurrarem o pensamento humano adiante, estejam certos ou errados sob pontos específicos.

Parafaseando Henry David Thoureau:

“Todo o conhecimento deste mundo já foi uma heresia desagradável cometida por algum sábio”.

Para aprofundar-se na obra destes dois Hereges, sugerimos, claro, seus livros. Mas vale também conferir a participação de ambos no programa LondonRealTV, com cerca de uma hora cada (apenas em inglês):

Rupert Sheldrake

Graham Hancock

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Voltando aos Invisíveis

hillman

Neste fim de semana acontece um (imperdível) Tributo a James Hillman na UNICAMP. Eu arrisco a dizer que Hillman deveria, ao lado de Stanislav Grof, ser uma referência universal em psicologia tanto quanto Freud e Jung. Apesar de distintos, ambos nos presentearam com novas e ousadas formas de se tentar compreender o fenômeno da consciência, de tal forma, que garantiram seu ingresso no panteão dos imortais.

Se as idéias de Grof e sua psicologia transpessoal partem de uma base freudiana (quando se fala em matrizes perinatais, por exemplo, estamos extendendo a influência dos processos internos para além da infância e da sexualidade), Hillman e sua psicologia arquetípica partem de Jung (que lida com a influência de fenômenos externos ao indivíduo, como o inconsciente coletivo e os arquétipos universais). Hillman, aliás, dirigiu o Instituto C.G. Jung em Zurique, mas pode-se dizer que ele deixou sua marca indelével para a investigação da consciência ao fundar o que hoje é chamado de psicologia arquetípica. Em seu livro O Código do Ser  (na verdade O Código da Alma – The Soul’s Code –, título adulterado pela tradução brasileira que aparentemente julgou o termo “alma” como impróprio), ele elabora uma teoria completamente oposta às idéias correntes na psicologia, na genética e na mídia, as quais pressupõem um determinismo linear na formação de nossas personalidades.

daimon Ao invés de entender cada indivíduo como o resultado da combinação genética de seus pais e dos fatores sócio-ambientais em que ele está inserido (que ressoa a velha noção aristotélica da tábula rasa: que a consciência é desprovida de qualquer conhecimento inato – tal como uma folha em branco, a ser preenchida), ele apresenta o conceito platônico do daimon. O daimon, ou a teoria do fruto do carvalho (acorn theory) – como ele a reelabora – é também chamado de nosso gênio, talento, vocação, personalidade, imagem, destino, anjo da guarda, caráter etc. Em outras palavras, nosso futuro e nosso potencial já estão inscritos de alguma forma em nós ao nascermos, assim como uma semente contém toda a árvore em potencial.

É um conceito fluido que cabe em inúmeras definições, mas é um conceito revolucionário no entendimento da psique, pois evita reduzir o senso de individualidade ao âmago do “eu” – como faz a psicologia tradicional, ao fragmentar o enigma do indivíduo em fatores e traços de personalidade, em tipos, complexos e temperamentos, tentando localizar o segredo da individualidade nos substratos da matéria cerebral e dos cromossosmos – e não aceita que a vida humana é um acaso estatístico. Mas a teoria de Hillman dá sua grande cartada quando também não entrega nossos destinos “às mãos de Deus”. Como diz Hillman, “a teoria do fruto do carvalho transita com desenvoltura entre esses dois dogmas antagônicos que há séculos ladram um para o outro e que o pensamento ocidental continua mantendo afetuosamente como animais de estimação”.

Todos nós nascemos com uma imagem que nos define. O daimon seria o nosso par invisível, a centelha de consciência, ou a intenção angélica por detrás de nossos atos. A idéia vem de Platão (A República). Resumidamente, ela diz que a alma de cada um de nós recebe um daimon único, antes de nascer, que escolhe uma imagem ou um padrão a ser vivido na Terra. Esse companheiro da alma, o daimon, nos guia aqui. Na chegada, porém, esquecemos tudo o que aconteceu e achamos que chegamos vazios a este mundo. O daimon lembra do que está em sua imagem e pertence a seu padrão, e portanto o seu daimon é portador do seu destino.

Bebendo na fonte da mitologia grega, Hillman enfrenta o materialismo dominante com coragem, compostura e senso de humor, ao abraçar conceitos vistos pelo paradigma materialista como exclusivos do universo infantilizado da religião institucionalizada, como “alma” e “espírito” (uma grande ironia às inversas na mudança do título de seu livro mais famoso para a edição brasileira). Hillman leva este conceitos a um novo patamar, ao inseri-los dentro do universo arquetípico e mitológico, um universo invisível que oferece a quem decide explorá-lo uma “visão além do alcance” do nosso mundo racional.

 Para começar, precisamos deixar claro que atualmente o principal paradigma para se entender uma vida humana, a inter-relação da genética com o ambiente, omite algo essencial – a particularidade que você sente que é você. Ao aceitar a idéia de que sou o efeito de um choque sutil entre a hereditariedade e as forças da sociedade, reduzo-me a um resultado. Quanto mais minha vida for explicada pelo que já ocorreu em meus cromossomos, pelo que meus pais fizeram ou deixaram de fazer e pelos anos remotos da minha infância, tanto mais minha biografia será a história de uma vítima.

Se por um lado, diriam os gregos, a nossa alma chega ao mundo ignorante de sua existência prévia, o daimon, que vem a seu lado, não. Ele sabe qual a nossa missão nessa vida, e fará de tudo para que escutemos seu chamado e realizemos aquilo que é sua necessidade. No entanto, diz Hillman, nós precisamos “baixar” no mundo, e este é um processo difícil, e uma luta entre nossa personalidade e nosso chamado daimônico. O daimon está mais próximo da idéia do espírito, uma entidade transcendental, que pertence mais aos céus do que à Terra. Ele não quer encarnar, mas conclama ao ideal. Já a alma é terrena, precisa se materializar no aqui e agora, viver contradições, incoerências, pisar no chão firme para existir e cumprir sua missão. É de um violento embate entre os dois que resultam as tortuosas biografias de muitas celebridades (muitas das quais morrem cedo), e é da uma comunhão profunda com o daimon que testemunhamos outras grandiosas histórias de vida.

522577_612683128745636_627514899_n Uma vez que cada um nasce com seu daimon – o seu chamado – cada um tem sua história particular, e ela não deve muito a nossos pais (nem geneticamente nem psicologicamente), que na grande parte do tempo são confundidos com nossos mestres. Os pais, diz Hillman, têm a função de nos acolher. Nossos verdadeiros mestres só encontraremos ao longo de nossa jornada. Eles serão aqueles capazes de enxergar nosso daimon, e nos ajudar a realizar sua busca. Um professor de música que reconhece seu talento, um treinador, um amigo que te ajuda num momento difícil, um livro que muda a sua vida… Ao contrário do que possa parecer ao olhar superficial, a teoria de Hillman é libertadora pois coloca a responsabilidade do destino de cada um de volta às mãos de cada um. Não é determinista, pois o daimon não anula o livre arbítrio, ele apenas nos dá a direção, mas nós é que decidimos cada passo dado. Se o daimon representa nossa necessidade, a decisão está na esfera do ego.

Ao afirmar que a Necessidade interfere em todos os momentos decisivos da minha vida, posso justificar qualquer ação. É como se eu pudesse me livrar da responsabilidade – está tudo nas cartas, ou nas estrelas. No entanto, dominadora inflexível que é, essa deusa me faz tremer diante de cada decisão, pois sua irracionalidade aleatória é totalmente imprevisível. Só retrospectivamente posso ter certeza, dizendo que tudo era necessário. Como é curioso, a vida pode ser pré-ordenada, embora sendo não-previsível.

Hillman era uma pessoa tão singular que foi considerado por muitos como um dissidente na psicologia, um rebelde (não à toa ele dizia que “só em nossas teorias psicológicas ocidentais é que o rabo abana o cachorro”). Mas seus conceitos começam a ser iluminados por outro olhar nesses tempos de transição brutal, onde os velhos paradigmas se tornam escancarados e as velhas respostas não mais respondem a nossos anseios, abrindo espaço para o levante recente de religiões modernas que são incapazes de pensar metaforicamente, levam-se a sério demais e colocam a sociedade em risco ao projetarem suas interpretações literais no mundo das relações humanas.

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Por isso, neste fim de semana podemos nos considerar privilegiados, pois graças a uma iniciativa brasileira, a UNICAMP recebe um evento em tributo a Hillman, que contará com inúmeros acadêmicos que tiveram com relação próxima a ele, e inclusive com seu filho Laurence. Entre sexta e domingo, palestras e confraternização relembrarão a fagulha de despertar que este grande homem passou adiante quando faleceu no final de 2011, e que agora está em nossas mãos neste início de 14º baktun.

Nós do Plantando Consciência estaremos no evento por inúmeros motivos. Dentre os quais é o reconhecimento de que a contribuição de James Hillman para a psicologia se estende para além desta disciplina, abarcando toda a questão da saúde e da vida humanas. Como estamos produzindo um documentário sobre a questão da influência da consciência na relação entre saúde e doença (saiba mais aqui), temos uma grande oportunidade de enriquecermos nossa busca. Se você apóia nossa iniciativa, aproveite para doar para o nosso projeto. Até este momento o filme está sendo inteiramente bancado com o mínimo necessário para conduzir as entrevistas, mas com um enorme senso de dever e com a ajuda de muitas pessoas que contribuem para reduzir os custos. Ainda assim, muito mais será necessário para que este documentário possa alcançar o estado de uma árvore sólida e repleta da sabedoria contemporânea e ancestral.

Serviço:

Tributo a James Hillman

15, 16 e 17 de Março de 2013

Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UNICAMP

Palestrantes, programação e inscrição: http://www.tributoahillman.com.br/

Para saber mais sobre o filme:
http://www.plantandoconsciencia.org/pt/medicina/

Doe qualquer quantia clicando no botão abaixo:
Ajude-nos a cumprir com este objetivo!

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Budismo e Psicodélicos

Nesta conversa franca, James Fadiman, psicólogo, e Kokyo Henkel, monge Zen Budista, navegam por aspectos superficiais e profundos da experiência psicodélica, e conversam com a platéia sobre as semelhanças e diferenças com a filosofia zen budista e a prática da meditação. Temas delicados e importantes como o uso consciente de substâncias, a vivência de estados extraordinários de consciência como uma prática espiritual, a importância da integração, do set and setting, a dose, o guia, o ajudante, a intenção e muito mais são abordados com clareza e simplicidade.

Fundamental para aqueles interessados em tirar proveito dessas experiências e integrá-las de maneira evolutiva e educativa.

Por hora, ambos os vídeos disponíveis sem legendas. Se você é um voluntário para fazê-las, por favor entre em contato!

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Vovó Grilo

Que a gente saiba proteger e cuidar de nossos rios e nossos mares, pois eles são a fonte da vida. Que a água seja uma dádiva acessível a todos os seres nesta Terra.  Que as chuvas fertilizem nossos campos, para que nosso alimento cresça e seja nutritivo.

Que a gente possa curar nossas águas ouvindo as vozes anciãs de nossas avós.

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Respiração Holotrópica

Respirar, um ato cotidiano automático, mas vital. Passamos a maior parte do tempo sem perceber que estamos respirando, e como estamos respirando. Ocupados e entretidos nos processos da mente, mal nos damos conta da inteligência corporal, que cuida sozinha desse processo fantástico e vital. Mas bastam alguns poucos segundos sem ar, e a vitalidade do processo se torna instantaneamente óbvia.

Em contextos científicos, respirar é definido como o processo de inalar e exalar o ar, durante o qual ocorre a troca de moléculas gasosas entre o corpo e o meio ambiente – nós captamos mais oxigênio e exalamos mais gás carbônico por exemplo, enquanto plantas fazem o oposto.

Mas em contextos mais amplos, atribuímos à palavra respirar inúmeros outros significados, como de sentir alívio, de descansar, repousar, ou de exprimir, manifestar e revelar: “tudo aqui respira alegria.”

O outro lado da moeda é a falta de ar, que é associada a coisas ruins, ao desconforto, sufoco, pânico, desentendimento e morte.

Esta breve reflexão nos leva a um lampejo de uma realização profunda que é explorada sistematicamente por várias culturas faz milênios. O ato de respirar é central em toda nossa fisiologia e psique. E diversas técnicas foram desenvolvidas, desde as mais simples, praticadas por qualquer um em momentos de desalento – “calma, respira!” – até outras mais sofisticadas, como os exercícios de pranayama da yoga e as várias técnicas respiratórias que formam um dos pilares centrais das práticas meditativas.

Ao focar na respiração, e voluntariamente modificá-la, aprofundando, acelerando ou lentificando, ou até mesmo parando por determinado período, podemos exercer efeitos em nossa psique. Até mesmo quando o objetivo não é esse, o resultado aparece: mergulhadores sentem com frequência os efeitos relaxantes e de abertura da mente enquanto estão de baixo d’água, mesmo que não se dêem conta de que estão, de certa forma, meditando, pois a concentração na respiração tem que ser intensa.

Atenção na respiração foi uma das brilhantes sacadas de Stanislav Grof, psiquiatra Tcheco que vive nos EUA, ainda nos anos 60. Grof foi o último pesquisador a encerrar suas pesquisas com substâncias psicodélicas após a proibição, que começou a vigorar nos EUA no fim dos anos 60. Após este baque, que encerrou o que alguns ainda consideram “a era de ouro da psiquiatria”, Grof passou por um período de reavaliação de suas descobertas e rumos profissionais: ele conduziu milhares de sessões terapêuticas com LSD e arquivou uma infinidade de papéis e documentos sobre seus pacientes – e também mais alguns milhares fornecidos por seus de colegas.

Essa revisão transcorreu ao longo de alguns anos, durante os quais Grof participou e organizou seminários inéditos e únicos no Instituto Esalen, na Califórnia. Interessados no fenômenos da consciência de maneira ampla e não-reducionista se encontraram periodicamente em um local telúrico. Monges, cientistas, médicos, gurus, mestres de artes marciais, artistas, cientistas, empresários, exploradores etc. Todos reunidos com a finalidade de explorar, aprender e desenvolver novas técnicas para a vivência segura dos estados extra-ordinários de consciência.

Um dos resultados desta jornada foi a criação, por Stan Grof e sua esposa, Christina Grof, da técnica de Respiração Holotrópica. É uma abordagem de autoexploração e terapia, que pode ser vivenciada em sessões particulares, mas mais comumente é praticada em grupo. Os participantes formam duplas. Enquanto um “respira”, o outro cuida. E a equipe treinada fica de prontidão, circulando pela sala, atendendo os casos de necessidade, conforme vão surgindo. O respirar aqui não é o respirar automatizado e inconsciente do dia a dia. É um respirar focado, atento, consciente. Respira-se profundamente e aceleradamente, deitado em um colchonete, de olhos fechados ou vendados.

É uma jornada interior. Um passeio pelos domínios arquetípicos da psique. Pra facilitar e guiar o processo, músicas acompanham todo o trabalho, que dura cerca de três horas. Assim, cada participante vive o seu processo, sem interrupções, sem diálogo e sem qualquer direcionamento por parte da equipe. A idéia central é se conectar com um eu mais profundo, que tem uma sabedoria que nos leva quase que espontaneamente a processos de cura e tranformação.

O trabalho é acompanhado ainda por arte-terapia após a sessão de respiração, e rodas de compartilhamento, onde cada participante divide com o grupo aquilo que foi mais importante e profundo de sua experiência. O compartilhamento é um momento importante, nos ajuda a consolidar pelo que passamos e nos ajuda a formar um senso de comunidade, ao tirar o foco apenas de nós mesmos e nos estimular a dar atenção e ouvido ao próximo.

Nos próximos meses, a Respiração Holotrópica estará perto de São Paulo. No começo de março, teremos um workshop de um fim de semana, introdutório sobre a técnica. Na sexta-feira, 01 de março, uma palestra introdutória, gratuita. No sábado, duas sessões de respiração, onde os participantes alternarão entre o papel de “respirantes” e cuidadores, sendo possível então que cada um respire uma vez. No domingo, ocorrerá mais um compartilhamento e o encerramento das atividades no almoço.

E em Abril, uma vivência mais prolongada e intensa estará disponível durante um módulo do “Grof Transpersonal Training”, programa de formação de profissionais em Respiração Holotrópica, mas que também recebe pessoas que estejam interessadas no autoconhecimento sem a necessidade de continuar ou fazer parte da formação como um todo.

Ambos acontecerão no ENAI, em São Roque, cerca de 30 minutos de São Paulo pela Raposo Tavares.

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Mais informações e inscrições em http://www.aljardim.com

Plantando consciência tem à venda o livro “Respiração Holotrópica, Uma nova abordagem de autoexploração e terapia”, recentemente lançado no Brasil pela Editora Numina. O livro detalha a história, os conceitos, a prática, as músicas e os resultados. Um manual completo! Interessados, favor entrar em contado pelo email plantando@plantandoconsciencia.org

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